O tema de hoje é muito importante para entendemos os Ballets de Repertório, tema de nossa atividade anterior. Nesta atividade descobriremos um pouco mais, sobre a forma de contar histórias do Ballet, que não é pela voz, e sim por gestos específicos. Vamos entender agora um pouco mais sobre essa "mímica do Ballet"!
Nós usamos a mímica todos os dias, quando, por exemplo, acenamos "olá" a um amigo. Não há fala no Ballet, então os dançarinos usam a mímica para contar história. Esses movimentos são feitos de um jeito que os tornem fáceis de entender. As histórias com mímica de alguns Ballets são feitos do mesmo modo há mais de 100 anos. (HACKETT, 2013)
Mas de onde surgiram os gestos próprios do Ballet? Para entender um pouquinho mais sobre essa forma de expressão, vamos falar sobre a pantomima. A pantomima, de uma forma bem simplificada, é uma arte baseada no gestual e nas expressões faciais. O artista se comunica basicamente usando apenas a linguagem corporal por meio de expressões e mímicas, usando pouquíssimas palavras ou ainda sem usá-las. Quanto à sua história, a arte da pantomima é bem antiga e começou lá na Antiguidade Clássica nos teatros gregos e romanos, época em que se popularizaram os gêneros teatrais da sátira, comédia e tragédia.
Na dança foi Jean-Georges Noverre, por meio de seu conceito de “ballet de action” , que revalorizou a pantomima. Se antes, o Ballet era uma arte dependente de outras como a Ópera e a comédia e os bailarinos usavam máscaras, a pantomima foi fundamental para a independência do Ballet em relação às outras artes.
A partir de Noverre, os bailarinos não usariam mais as máscaras de outrora e se expressariam por gestos, mímicas e expressões corporais, sem o uso de falas. Ele exigiu que o bailarino não fosse um mero executor de passos, mas que verdadeiramente contasse a história e mergulhasse no personagem que estava interpretando. Já que para este coreógrafo, os espetáculos de Ballet tinham que contar uma história, todas os atos deveriam contar com cenas dramáticas e todos os personagens tinham que participar ativamente da narrativa.
Esses conceitos de Noverre foram que construíram as noções que hoje temos de Ballet de Repertorio e não é por acaso, que até hoje vemos nos Ballets a presença das pantominas nas “mise en scènes”. São elas que ajudam a contar a história e além disso, há gestos que praticamente são conhecidos por qualquer lugar do mundo em que o Ballet for dançado. A pantomima, então, de certa forma, se tornou uma linguagem universal dentro do Ballet clássico.
Na mímica, ou gestos de Ballet se usa uma combinação de movimentos naturais do corpo e gestos especiais, para expressar pensamentos, sentimentos, ideias e ações. É uma antiga forma de arte, mas no início do século XIX, com Noverre, que uma forma de mímica foi criada para ser especificamente usada no Ballet Clássico para ajudar a contar a história do Ballet. Cenas de mímica são parte de diversos Ballets.
As imagens a seguir, demonstram um pouco dos gestos de mímica usados no Ballet Clássico. Perceba quantas coisas diferentes um dançarino pode "falar" usando rosto, posição da cabeça, mãos, braços e tronco.
Temos um excelente exemplo de mímica de Ballet Clássico no 2º ato do Ballet O Quebra Nozes. Quando o príncipe se apresenta na Terra dos Doces, ele reconta pela mímica, toda a história de sua feroz batalha e seu maravilhoso triunfo sobre o Rei Rato e sua terrível tropa.
Assista o vídeo a seguir para ver essa história na prática! Se tiver interesse, em nosso canal do youtube, na playlist "Gestos de Ballet" teremos outros encantadores exemplos!
Comments